terça-feira, 15 de novembro de 2011

ENEM ALCANÇA 5,4 MILHÕES DE INSCRIÇÕES EM 2011

Por Janaina Garcez


         O Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) direcionado a estudantes que concluíram o 2º grau tem o maior número de candidatura da história da prova, que avalia os conhecimentos em português, matemática, ciências sociais e humanas dos alunos recém-formados. Atualmente são dedicados dois dias para a aplicação da prova, de modo a somar 180 questões e uma redação. Desde 2009, quando foi criado o Sistema de Seleção Unificada (Sisu), o exame tornou-se porta de entrada para importantes universidades públicas. Embora os últimos anos tenham sido difíceis para o Enem, a prova bateu recorde de candidatura em 2011. Foram mais de 5,4 milhões de inscrições, número correspondente à população de Goiás, estado do Brasil.

Foto: Thiago Lontra
         A proposta inicial do Enem em 1998, quando foi criado, era avaliar única e exclusivamente a bagagem de conhecimento do aluno recém-formado na escola básica. Somam 13 anos de história (1998 até 2011), e o tempo reservou mudanças para o exame que perdeu a característica intrínseca de autoavaliação para os estudantes. Todavia, vem se consolidando como prova qualificatória para universidades de todo o Brasil.
Em 2004, o governo federal criou o ProUni, programa de distribuição de bolsas a instituições privadas de ensino superior. O benefício continua sendo concedido aos alunos com melhores pontuações, e permite o acesso de pessoas que dificilmente teriam condições de pagar o valor cheio da mensalidade. É o caso do estudante de engenharia Fredson Santos, aluno da Universidade Estácio de Sá. Ele conseguiu a bolsa de 100% por intermédio da prova que está vinculada ao benefício. Fredson se formou, e garante ter valorizado a oportunidade oferecida pelo governo. “Antes do ProUni considerava o ensino superior artigo de luxo e com o salário que recebia mal dava para os livros, se considerasse pagar a mensalidade teria que viver à míngua”, declara o estudante.
Fredson Santos, estudante que participou do
do Enem, em 2004, e garante que depois de
duas tentativas, conseguiu a bolsa de 100% pelo ProUni
         Fredson exemplifica o caso de muitos brasileiros que realizaram o sonho de  fazer o ensino superior, entretanto, não dispunham de dinheiro para custear a mensalidade da faculdade. O ProUni oferece bolsas de 50 ou 100%, não tem tanta flexibilidade, no entanto, a estudante de direito da faculdade Gama e Souza, Stephanie Barbosa, garante que o percentual já é de grande valia e estímulo para todos os candidatos. “Eu estagiava na empresa Globosat quando comecei a estudar, ganhava menos de um salário, certamente encontraria dificuldades se não contasse com o desconto de 50% oferecido pelo Prouni”, afirma Stephanie.
         Em 2009, o teste sofre alterações, ganha status de vestibular nacional. As mudanças não param por aí, pois a prova aumenta de 63 para 180 questões. Cria-se, então, a divisão da prova para quatro cadernos. De lá para cá as universidades têm aderido, de modo que a nota da prova auxilia no processo seletivo para universidades públicas. Nos últimos anos, faculdades como UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) usam a nota da prova na primeira etapa do processo seletivo
Estudante de direito, Stephanie Barbosa,  participou do
 Enem pela primeira vez em 2009 e afirma que a bolsa
do ProUni ajudou enquanto estagiava na Globosat
         O drama sofrido em 2009, quando a prova foi suspensa por vazamento, afetou a reputação do Enem. E parte das universidades cadastradas desistiram de usar a nota do exame. A partir desta data, o Enem tem encontrado dificuldades para zelar pelo seu nome. Em 2010, um série de contratempos prejudicaram a idoneidade da prova, uma professora envolvida na aplicação do exame vazou o tema da redação para o filho duas horas antes da realização do Enem; um repórter mostrou ser possível burlar a segurança, quando comunicou-se por SMS durante o teste, ao ir ao banheiro e, por fim, 33 mil provas foram impressas com erro, de modo que o MEC (Ministério da Educação) teve que reaplicar o caderno amarelo aos alunos prejudicados.
         Em 2011, os percalços são constantes, o primeiro dia contou com o vazamento de perguntas na internet. Os alunos mostraram eficiência em burlar a segurança, os estudantes postaram questões nas redes sociais durante a prova. Já no segundo dia, o órgão que gerenciava a fiscalização comunicou a imprensa que seria proibido o uso de celular e qualquer aparelho eletrônico. Esse, no entanto, não foi o pior episódio vivido em 2011.
O caso mais alarmante, da última edição do Enem, está ligado ao vazamento de 14 questões do Enem que foram usadas em um pré-teste no cursinho Christus, em Fortaleza.  O caso está sendo acompanhado pela justiça que anulou as referidas questões para os alunos do colégio Christus.
A partir de 2012, o exame será aplicado em regime semestral, com a pretensa vontade de se estabelecer como exame de abrangência nacional, capaz de substituir o vestibular das principais universidades do país. Resta-nos agora acompanhar os próximos episódios da proposta do MEC que vem se afirmando no cenário acadêmico.
          

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